segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Domínio das Letras

Repudia-me as letras e as leis.
Indago-me pelas criações humanas.
As mesmas criações da antiguidade permanecem na contemporaneidade.
As mesmas!
O homem criou à massa letrada, as leis sociais, as religiões, deus a sua própria imagem e semelhança;
E conseguiu dominar e se impor perante povos.
Enoja-me minha santa ignorância.
Sou fruto da hipócrita criação humana.
Vejo-me reflexo de uma classe dominante dominada, filosofando sua própria armadilha.
Escrita, leis, deuses as velhas armas...
Tiros na massa!

Sonho de igualdade


Alguém um dia me falou que não tenho sonhos, porque não tenho vontade de ter carro, casa própria, bom emprego, fama e dinheiro. Sei que teto nunca me faltará e nem meios de locomoções, porque guardo coisas valiosas, a minha família e poucos amigos.

Mas, na verdade tenho grandes sonhos, sonhos que não conseguirei jamais realizar sozinha. Sonho em um dia haver a igualdade entre os seres humanos, a igualdade de tratamento, a igualdade de oportunidades e a igualdade socioeconômica. De modo algum gostaria que as pessoas tivessem características pessoais iguais umas as outras, nada me horrífica mais que a padronização, uma cultura dita como dominante querendo sobrepor a comunidades com avanços tecnológicos inferiores, na busca por poderes, mão-de-obra barata e até mesmo escravizada. Faço cultos ritualísticos em prol à diversidade étnica e cultural.

No entanto, faz parte do meu sonho que na perspectiva da igualdade humana as pessoas se tratarão com respeito mútuo, e não apenas com atos tolerantes, mas sim compreender que não há nenhum ser humano melhor do que outro na superfície do planeta terra. Cada um é livre pra fazer escolhas, mudar de opinião, reivindicar, evoluir e revolucionar.

Pra realizar o meu desejo começo com atos singelos, venho com meu jeitinho faceiro e um pouco de retórica, tentar mostrar que o descaso humano, a falta de respeito, a busca por poderes, o consumismo, o egoísmo, a individualidade e o preconceito em geral, destruíram bruscamente nosso mundo, a medida imediata é preservar e respeitar as diversidades entre os povos. Reciclar, reutilizar, reinventar-se e evoluir humanamente, para que um dia possamos nos entender como animais racionais interdependentes.

Primeiramente, meu maior temor é a globalização excludente, na medida em que uma classe social desenvolve-se, a maioria populacional é excluída, rejeitada e marginalizada. Com isso, restam aos excluídos buscarem métodos alternativos de sobrevivência como no tráfico, na prostituição, no contrabando, nas quadrilhas de roubos, em seqüestros etc. Porém os marginais não têm acesso às grandes universidades, às escolas de idiomas, a cursos de capacitação profissional, que podem lhes trazer um bom emprego e um lugar na hierarquia social, porque na realidade eles não têm nem mesmo a garantia dos seus direitos de cidadãos como uma moradia digna, atendimento de saúde, educação, segurança, saneamento básico, etc.

Sabemos que os veículos de comunicação em massa fazem parte da classe minoritária dominante, entendemos que esse recurso tem uma única responsabilidade social, a de alienação. Mostrando ao povo o que é belo, bonito e interessante, quem não estiver nos padrões da novela das oito, realmente, não obterá boas oportunidades; divulgam recortes de notícias sensacionalistas, maquiando a verdade dos fatos a favor do corrupto governo burocrático; escondem a privatização dos bens públicos; ocultam as injustiças da corte suprema; encobrem as violências cometidas pelos homens da lei; porém mostram todos os gols do fenômeno da vez. Assim, assistindo ao telejornal do horário nobre o pobre cidadão sente-se informado dos acontecimentos do dia. Particularmente, vivemos no caos social.

Sei que será difícil realizar meu sonho da igualdade entre os seres humanos, mas para começar a concretizá-lo, é preciso ao menos lhe contar...