terça-feira, 4 de maio de 2010

A velha carne

Tão profundo era o sono

que pesadelos e sonhos pareciam reais

Através de desejos secretos e obscenos,

lembranças remotas

quase esquecidas

Tudo que se sente

embutido na velha carne

embutido na velha carne

...e o céu serve de leito

p’ra transa do dia com a noite

e o corpo ainda sobrevive

cansado, fatigado, esgotado

e o corpo ainda sobrevive...


Gabriel Omar da Matta Postigliatti

(escritor, músico, compositor, trabalhador, boêmio e amigo)

Mediocridade dourada

Apaguem as luzes da cidade
e seremos um só corpo
celebrando nosso sacrifício,
triturados pelo prazer
Entregue-se a mediocridade dourada
Até que enfim toda existência
seja manifestada

Gabriel Omar Postigliatti

Oráculo

Tão inútil é não conseguir descrever em palavras o que está sendo escrito na mente
assim como é tênue o espaço entre dor e prazer.
Alguém grita no subconsciente
e a sonolência do corpo o mantém quente.
É necessário descer mais
para ver quão profundo é o subsolo
E quando estivermos lá
Iremos nos beijar.

Isto nos leva desde às savanas da África
aos grandes centros do mundo

As horas não mentem
Mas a batida que vem do fundo tenta nos reanimar
E fica veloz, cada vez mais
Mais veloz...

Gabriel Omar da Matta Postigliatti

A Vingança é a Melhor Amiga dos tolos

Como ousas apontar-me uma arma

e me deixar vivo

A vingança é a melhor amiga dos tolos

Tolo de mim, que me aproximei demais

da carne e do osso

dos olhos do lobo

da raiva e da fome

Mastiga, engole

Como ousas olhar-me no

fundo dos olhos sem me matar

A vingança é a melhor amiga dos tolos

Tolo de mim, que desafiei

a carne e o osso

os olhos do lobo

a raiva e a fome

Mastiga-me, engula-me


Gabriel Omar da Matta Postigliatti